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Por que alguns produtos custam menos de um terço no Paraguai?

  • José Alcântara
  • 2 de set.
  • 2 min de leitura

Atravessar a Avenida Internacional entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero às vezes parece atravessar um portal onde os preços despencam — mas longe de ser mágica, essa diferença tem raízes concretas: economia, política tributária e cultura de consumo. Vamos destrinchar com base em fontes atuais.


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1. Regime Tributário Simplificado: o famoso "10-10-10"

O Paraguai adotou um sistema tributário ultrassimplificado, com três tributos principais fixados em 10%:

  • IVA (Imposto sobre Valor Agregado): 10% sobre bens e serviços

  • IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física): 10%

  • IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica): 10%


2. IVA reduzido ou isento para turistas: o Tax-Free paraguaio

Além da tributação geral, o Paraguai oferece isenção ou redução do IVA para turistas em zonas de compras especiais (como Ciudad del Este e áreas próximas à fronteira). Em muitos casos, o IVA não é cobrado diretamente ao comprador, ou cai para até 1,25% em produtos selecionados.


3. Cadeia tributária enxuta e logística mais simples

No Brasil, a carga total — que inclui IPI, ICMS, PIS/COFINS e outras taxas — costuma ultrapassar 30% do preço final. No Paraguai, essa soma é muito menor graças à estrutura tributária menos inchada e incentivos fiscais.


Além disso, a burocracia nos trâmites de importação é bem mais rápida por lá, agilizando a chegada de mercadorias e mantendo os custos baixos.


4. Ambiente de negócios atrativo e competitivo

O Paraguai investiu em segurança jurídica e em políticas que atraem negócios — um ambiente previsível que agrada tanto investidores quanto consumidores.


Com muitos players no mercado, a concorrência entre comerciantes estimula preços mais competitivos, especialmente em fronteiras movimentadas como a nossa.


5. Cotas e limites: economia sem exageros

A aventura de comprar por lá deve respeitar a cota de compras da Receita Federal. Por via terrestre, o limite é de US$ 500 por pessoa em 30 dias. Acima disso, paga-se 50% de imposto sobre o excedente.


Na voz da fronteira: por que isso faz tanto sentido aqui?

Mais do que impostos baixos e regras simples, o que faz os preços do Paraguai serem tão atraentes é a alma da fronteira. Aqui, atravessar a Avenida Internacional não é apenas trocar de país, é viver uma experiência cultural: ouvir o “bem-vindo” misturado ao “bienvenido”, sentir o cheiro de chipa na rua e ver famílias inteiras fazendo do ato de comprar um passeio de domingo.


Comprar em Pedro Juan Caballero é quase um ritual fronteiriço — uma tradição que une gerações. Do estudante que cruza para buscar seu primeiro celular ao turista que descobre perfumes pela metade do preço, todos compartilham a mesma sensação: vale a pena.



 
 
 

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